terça-feira, 12 de janeiro de 2010

UM SIMPLES AVISO

ESTE BLOGUE ESTÁ CONCLUÍDO.

sALDANHA, 11/01/2010, jORGE bRASIL mESQUITA - 13h51

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

AS REGRAS DESTE BLOGUE

Este Blogue será regido por princípios intransponíveis, baseados nas seguintes regras:

1º - Eu, Jorge Manuel Brasil Mesquita, serei o único e exclusivo autor e escritor de todos os posts que por aqui aparecerem, protegidos que estão, pelo "Código do Direito de Autor e dos Direitos Conexos", da Sociedade Portuguesa de Autores, da qual sou sócio.

2º - Este blogue, tais como o foram, "Comboio do Tempo" e os "Gomos do Tempo", será inegociável: politicamente, desportivamente, economicamente, comercialmente, publicitariamente ou por qualquer outra forma de transacções que envolvam quaisquer custos para quem quer que seja.

3º - Neste blogue, tais como nos outros já mencionados, a liberdade de pensamento foi, é e será total.

Esclareço que politicamente sou de esquerda, desportivamente sou do Futebol Clube do Porto, religiosamente sou agnóstico e estou reformado com 61 anos e solteirinho da silva, desde 2004 e, assim, tenciono ficar. Estes dados pessoais estarão completamente submetidos aos três pontos acima referidos.

Um aviso: se este blogue for, por qualquer razão que eu desconheça, privado da sua continuidade, será a prova evidente de que há poderes ocultos que fazem e farão tudo o que puderem, como aliás já aconteceu, para asfixiarem quem é filho da liberdade do pensamento absoluto.

Jorge Manuel Brasil Mesquita, 29/11/2009 e 09/12/2009, Lisboa e Moinho das Antas.

P.S. - Convém esclarecer que todos os escritos que por aqui aparecerem serão primeiramente feitos à mão. Originais são originais e, além disso, existe uma ciência chamada Grafologia que serve para o que serve. Os originais só podem ser copiados ou manipulados com a autorização do respectivo autor. A SPA sabe muito bem disso. Convém elucidar, igualmente, que haverá textos políticos e outros géneros temáticos que nada terão a ver com a política propriamente dita. Quem estiver interessado em possuir, para si próprio, e não para os negociar, algum dos textos escritos é só servir-se do envelopezinho.

CONTINUO A AFIRMAR QUE NÃO TENHO CONTRATO COM NINGUÉM, PELO QUE OS PIRATAS PUBLICITÁRIOS CONTINUAM A NÃO FAZER CASO DESTAS REGRAS. CREI QUE ISTO AINDA VAI PARAR A TRIBUNAL.

Jorge Brasil Mesquita - 09/01/2010 - Moinho das Antas - 15h39

DIÁRIO II

Hoje acordei morto. Fingi que me lavei, vesti-me como se veste um vivo, tomei um pequeno-almoço qualquer e escapei de casa, dirigindo-me à estação de caminhos de ferro de Oeiras. Apanhei o comboio que pára em todas as estações, porque adoro apreciar os vivos que, entram e saem , gastando vidas que desconhecem, abraçando com as pupilas os mortos que não se vêem. Como, hoje, vivo morto, ninguém repara no cheiro a chá de cidreira que espalho por onde passo. Cheguei ao Cais do Sodré, subi a rua do Alecrim, cantando canções que ninguém ouvia. Quem se interessa pelos sons do morto que vive a vida de um vivo que não se encontra vivo. Passei pelo Chiado e observei com minúcia a estátua do poeta cheio de nomes. Não gosto da estátua. Falta-lhe a arca e o poema do guardador de rebanhos. Rebanhos que, como eu, sobem e descem o Chiado, chilreando como passaritos sem poiso certo. Vivos ou mortos, como eu?
Parei em frente a uma montra na Rua do Carmo. Poderá um morto apaixonar-se por um manequim, exposto na montra de uma boutique? Afinal, com tantos manequins que se riem e conversam na rua, logo havia eu de me apaixonar por um manequim. Como morto, ninguém reparou que entrei na boutique, que surripiei o manequim e que fomos dançar para o meio da rua. Parece que só eu ouvia a música que nos embalava, só eu era o metrómono do meu ritmo de morto. Assim que me cansei, devolvi o manequim à montra e enfiei-me no metro. Saí em São Sebastião e fui ao cinema, entusiasmado por poder ver um filme do grande detective Sherlock Holmes. Poderá um morto assassinar a morte de uma película cinematográfica? Descobri no final de uma desilusão que não, embora as minhas cavidades oculares estivessem em brasa, mas juro que não queimaram nada. Comi qualquer coisa na restauração do Corte Inglês, meti-me no metro e regressei a casa, acompanhado por uma multidão de vivos, ou, talvez, quem o saberá, de outros mortos como eu, mas sem que ainda se tenham apercebido de tal. À noite, vesti-me de vivo, deitei-me na cama e sonhei como morto. Sonhei com essa maldita pergunta que perdurou para além de toda a ciência flutuante. Estarei vivo, como vivo, ou vivo, como morto? Não sei, nem quero saber. Um morto, nunca quer saber de nada.


Centro Cultural de Belém, 09/01/2010 - Jorge Brasil Mesquita - 16H16

sábado, 9 de janeiro de 2010

DIÁRIO I

Saí de casa, bem cedinho, com um caderninho e uma esferográfica na mão. Caminhava indiferente ao tempo chuvoso, enquanto ia cantarolando qualquer coisa imperceptível para enganar todos os pensamentos que me aprisionavam. Entrei num café, sentei-me numa mesa junto da janela e pedi um garrafa de água natural e sem gás. Assim que a depositaram na mesa, bebi uns quantos goles e, depois, abri o caderninho e de esferográfica em punho, fui escrevendo ao acaso uma cachoeira de palavras até que me cansei. Fechei o caderninho, cruzei os braços sobre o peito e fechei os olhos, fingindo que dormitava. Desconheço o tempo que passou até reabrir o caderninho e tentar descobrir no emaranhado de palavras um sentido qualquer. Pareciam palavras isentas de honestidade, aprendidas com quem se disfarça com a falsa honestidade para delas fazer um rodeo de segredos e mentiras que rimam com as deontologias da ilusão. Tentei fazer com elas um alfabeto e desenhar no meu pensamento uma luz clara que a todos iluminasse o caminho da verdade, mas foi inútil, foi uma leitura que me deu trés arbeit e resultados nenhuns. Quanto mais olhava para as palavras, mais poeira lançava para o interior de mim mesmo. Não que eu seja cego, mas quando se integra os mistérios e os sons de uma floresta, é quase certo que rebenta uma disfunção cerebral qualquer que não nos permite celebrar palavras que se riem de mim com as grossas gargalhadas dos pavões com os leques abertos das cores que ficam óptimas em qualquer passerelle, onde os supra sumos da sapiência ditam as palavras das insuficiências cardíacas. As palavras escritas não se resumiam de maneira nenhuma, não explodiam em ideias, foram o reflexo de um dia chuvoso.
Paguei a água, levantei-me e abandonei o café, gastando o resto do dia em passeios ao acaso. Usei-os como um subterfúgio para me esconder de mim próprio. Era noite quando regressei a casa, onde, com um pouco de música, adormeci, rastejando pelo mundo envidraçado dos sonhos. E, assim, se passou mais um dia na vida de quem sabe que a vida é um mero segundo de palavras abertas e desertas.


Biblioteca de Oeiras, 09/01/2010 - Jorge Brasil Mesquita - 15H01